quarta-feira, 27 de agosto de 2008

QUANDO O BEM VESTIDO VENCE O ROTO

As eleições municipais estão aí e, junto com elas, a campanha eleitoral. Durante uma hora, pela manhã e à tarde, na TV e no rádio, uma série de candidatos disputa o seu voto. E, nessa corrida, vale de tudo. Uns chamam os netos para pedir o voto para a avó, outros fazem trocadilhos criativos, e muitos abusam dos jingles para chamar sua atenção. Mas, a maior preocupação dos candidatos que aparecem na TV é com a aparência.

Segundo uma matéria publicada no site G1, especialistas em moda dizem que pensar nas roupas usadas na campanha é de suma importância. Uma informação trazida na matéria é significativa. Na eleição presidencial norte-americana de 1960, quem ouviu pelo rádio o debate entre Richard Nixon e John F. Kennedy, deu a vitória ao primeiro candidato. Já aqueles que assistiam pela TV, consideraram que John F. Kennedy foi o vencedor. O motivo? Enquanto Kennedy se apresentou em um elegante terno, Nixon, mais preocupado com as idéias, foi vestido comumente. O resultado desta eleição a gente já conhece: o bem vestido vence o roto.

Aqui no Brasil, tivemos um caso parecido. Em 1989, nas primeiras eleições diretas para presidente após a Ditadura Militar, Lula e Fernando Collor fizeram um debate na TV. Lula ainda era um candidato operário, carregado de ideologias. Collor era o jovem, bem vestido, “caçador de marajás”. O resultado dessa eleição a gente também tem fresco na memória.

Uma outra coisa interessante que a matéria nos traz é justamente o que ela não traz. O G1 entrevista apenas especialistas em moda, ou seja, estilistas. Que questionamentos traz matéria? Nenhum!

E agora, eu pergunto: não seria o papel do jornalista mostrar que o quanto é besta essa preocupação? Por que, sinceramente, o que importa ao ELEITOR a importância da roupa do candidato? Não deveríamos olhar para a história e perceber que nem sempre quem se veste bem tem as melhores propostas e intenções? Não deveriam os jornais e portais de comunicação nos mostrar que o terno pode até ser Armani, mas, se ele for vazio de ideais, não há cristo que o faça colocar a política de pé?


Clara

2 comentários:

  1. Querida Clara. Concordo com vc. Os eleitores deveriam preocupar-se com as idéias e os projetos dos candidatos, ao invés de sua imagem e da roupa que vestem.
    Mas, infelizmente, a maioria dos brasileiros com direito a voto não consegue enxergar além da tela da televisão. E lá, atrás da tela, quem se apresenta melhor... ganha. Tive a oportunidade de acompanhar, in loco, um debate de candidatos à prefeito do Município de Guaratinguetá, transmitido pela Band Vale. Posso afirmar, a imagem que as telas revelam não condizem com a realidade por trás das câmeras. Mas isso só vê quem está lá, ou quem enxerga além das telas de televisão.

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  2. é moça. é complicado mesmo. Mas as coisas parecem ser assim mesmo em Birigui. Aliás, li (n lembro aonde, talvez no próprio G1) que, na maioria das vezes, a população esquece que deve ser representada pelo político e deposita nele uma espécie de projeções. Um exemplo claro disso, é o nosso ilustríssimo senhor presidente da República. Ninguém quer um operário no poder. Todos querem um ex-operário, ascendente e que agora veste armani e marcha com os eleitores ao fundo musical de "jesus alegria dos homens" (lembra das ultimas eleições presidenciais?). Se parece até com as grandes igrejas petencostais, já reparou nas majestosas sedes da Universal e da Assembléia de Deus nos lugares mais carentes, tipo Alcântara (São Gonçalo) e Del Castilho (Rio)? Parece que aquilo que o povo (geralmente pobre) não pode ter em casa, ele faz questão de perceber nas suas "esferas de poder", sejam políticas ou religiosas.

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