quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Culpa é do Fidel!


Uma delícia! Esta é a melhor palavra para definir o filme A Culpa é do Fidel! (La faute à Fidel, 2006). Com uma narrativa leve e sob a perspectiva de uma criança um tanto quanto tinhosa, somos levados a conhecer o outro lado da revolucionária década de 70 na França.

Anna de la Mesa é uma menina de 9 anos cuja família tem uma ótima condição financeira. Ela mora numa casa grande, estuda em uma rígida escola católica e tem tudo do bom e do melhor, até que a morte de um convicto tio comunista na Espanha interferiu na pacata vida familiar.

Despertado pela morte do irmão, o pai de Anna resolve mudar radicalmente a sua  vida. Logo após a eleição de Salvador Allende ele vai para o Chile acompanhado da sua mulher. Lá, o casal fica encantado com a liberdade de pensamento e a democracia instaurada pelo governo chileno.

Os pais da menina voltam para a França muito diferentes, digamos: um tanto hippies e engajados politicamente. Anna não entende o que acontece com os seus pais. O porquê de voltarem da viagem do Chile tão esfarrapados. A partir daí o mundo da pequena vira de cabeça para baixo. A família se muda para um apartamento pequenininho que vive cheio de gente "estranha" e "barbuda", como diz a menina. Os pais se tornam comunistas e fazem de tudo para tirar a menina da escola católica. 

A Culpa é do Fidel aborda um tema batido, porém de maneira muito original. A principal questão abordada pelo filme é como a criança assimila este mundo revolucionário. Assim como O menino de pijama listrado ( The boy in Stripped Pyjamas, 2008), o filme traz um protagonista tão ingênuo, sincero e simples que é incapaz de  entender o motivo dos adultos complicarem tanto o mundo. Esse tipo de história reforça que jamais  devemos deixar morrer a criança presente em nós. Pena que muitas pessoas não entendem o significado desta essência.

Duração: 99 min.
Gênero: Drama

Jaque Deister

domingo, 22 de agosto de 2010

Mais uma face da miséria

Continuando a série de histórias de personagens que encontrei nas ruas enquanto fazia entrevistas para a monografia - a primeira delas está no post "Um Rio onde tudo é música" -, conto agora sobre uma senhora pedinte que conheci.



A foto que ilustra esse post foi feita por Erika Vettorazzo.

Boa leitura!



A mendicidade é a exploração mais regular, mais tranqüila desta cidade. Pedir, exclusivamente pedir, sem ambição aparente e sem vergonha, assim, à beira da estrada da vida, parece o mais rendoso ofício de quantos tenham aparecido; e a própria miséria, no que ela tem de doloroso e de pungente, sofre com essa exploração (Trecho de "As mulheres mendigas", do livro "A alma encantadora das ruas", de João do Rio")
 

Sentada à frente da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Rua Uruguaiana, Margarida de Carvalho pede esmolas. Mineira da cidade de Cajuri, Margarida mora há 50 anos no Rio. Ela conta que veio para a cidade após ser doada para uma família carioca.

Mãe de três filhos, Margarida é moradora de Madureira. Sua casa foi construída com o dinheiro que ganhou na rua. Primeiro como catadora de papelão e, depois, devido a um atropelamento, como pedinte. Antes disso, Margarida trabalhou como empregada doméstica. “Parei de trabalhar com isso por que patrão explora muito”.

A imagem de Margarida parece um retrato fiel daquilo que se imagina de quem vive na mendicância. Com aspecto frágil, curvada aos pés de uma igreja, ela usa várias saias, uma por cima da outra. Na cabeça, um lenço esconde os cabelos bancos que insistem em sair próximos à orelha. Veste uma blusa branca e um chale marrom. Ao seu lado, um copo de plástico com algumas moedas demonstra que o dia não está dos mais rentáveis. Porém, para pedir, Margarida não usa de lamentos ou súplicas, não “chora humildades”. Apenas chacoalha o copo e, com sorte, o dinheiro surge.

Um dos filhos de Margarida é contador. Outro trabalha como pedreiro. O mais velho, morreu. Os três estudaram e conseguiram se formar graças ao dinheiro conseguido pela mãe nas ruas. “Meu filho fala que é para eu sair dessa vida. Mas eu gosto de ter meu dinheiro”, diz. Quando perguntada se não tem medo de sofre algum tipo de violência, Margarida afirma que não há muito perigo na região que ela fica. “Estou em frente à igreja e o povo respeita. Além do mais todo mundo aqui me conhece”. Ou, como diz João do Rio, Margarida escolheu seu “ponto livre de imprevistos”.

Terminada a entrevista, confirma-se aquilo que Margarida diz: pelo menos cinco pessoas que estavam ao redor se aproximam dela para saber o porquê de tantas perguntas.


Clara Araújo

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

De outra maneira, de outro modo.

Os leitores mais frequentes e persistentes já devem ter percebido: o Aliás está de cara nova.

Jaque e eu estamos há tempos querendo dar um ar mais modernozo ao blog. Por que, mesmo com as postagens raras, esse é um espaço que privilegiamos muito e o qual queremos muitíssimo bem. Mas, sabe como é: faculdade, monografia, emprego, estágio, a chuva que cai lá fora e nos convida para o sofá com bobagens na tv... Enfim, são vários os motivos que nos fizeram postergar as mudanças.

Mas agora o Blogger está bacanudo e a gente pode finalmente mudar sem deixar de ser a gente mesmo e sem sofrer tentando aprender códigos de HTML e afins.

As mudanças foram poucas, mas já são um começo.

Estamos felizes com os novos ares que dão frescor ao nosso blog e esperamos que vocês, nossos leitores, também gostem. E já que estamos em épocas de boas novas, farei aqui uma promessa de blog novo: postaremos mais!

Enfim, é isso.

Boas vindas ao nosso novo blog velho ou ao nosso velho blog novo!

Beijos a todos,


Clara Araújo