terça-feira, 28 de julho de 2009

Tristeza: - Cansei de ser vilã!

O inicio do século XXI pode ser traduzido por uma simples palavra: busca. O mercado da busca se tornou extremamente lucrativo, um claro exemplo é a internet, diversas empresas milionárias se desenvolveram com este princípio, é o caso do Google, Yahoo e Cadê. Mas a “procura” não está só no campo do conhecimento, da estética e nem do financeiro. Todos estes fios convergem para um único ponto, que culmina no ideal de todo ser humano: a busca pela felicidade.
Vale qualquer coisa no combate a tristeza, desde livros de auto-ajuda à remédios antidepressivos. O psicólogo e autor de Repensando a felicidade Edward Diener é defensor da teoria de que as pessoas mais felizes vivem mais (por ter sistemas imunes mais fortes). Diener concluiu com base em pesquisas cientificas: “ser feliz demais não é bom. O contentamento em excesso torna as pessoas menos capazes, menos saudáveis, menos atentas a riscos.”.
Além do pragmatismo de Diener, há uma questão de essência: “Cedo ou tarde na vida, cada um de nós se dá conta de que a felicidade completa é irrealizável. Assim como a reflexão oposta: que também é irrealizável a infelicidade completa. A dualidade está na condição humana, que é contra qualquer infinito”, disse o escritor italiano Primo Levi.
Há ainda uma outra forma de entender o valor da tristeza diante da felicidade. Só conseguimos ter a percepção de um sentimento em comparação com outros estados de ânimo. É a variação do humor que nos causa espasmos de alegria ou tristeza. “Felicidade em excesso é indesejável porque leva a uma capacidade menor de apreciá-la,” afirma Stuart Walton, autor de Uma História das Emoções.
Os obstáculos que aparecem em nossos caminhos, nem sempre devem ser vistos como impedimentos ou certeza de fracasso. O mais pessimista e contundente filósofo do século XIX Friederich Nietzsche dizia ao apontar para o valor da adversidade: “O que não me mata me torna mais forte.” O psicólogo Jonathan Haidt, da Universidade da Virginia (EUA) e autor do livro A Hipótese da Felicidade, retoma o que disse o apóstolo Paulo em sua Carta aos Romanos: “O sofrimento produz resistência, a resistência produz caráter e o caráter produz fé”, para defender a sua teoria.
Segundo Haidt, nós somos seres viciados em contar histórias. O que sabemos sobre nós mesmos é um relato que escrevemos, escolhendo o que lembrar do passado e o que projetar no futuro. E quanto mais adversidades melhor se tornam as nossas histórias. É só pensar em qualquer narrativa literária inclusive mitos religiosos, cujos protagonistas são Buda, Jesus, Maomé, ou numa novela, em que o “herói” da trama sempre passa por provações e sofrimentos. O que torna o protagonista um herói é justamente a superação de todos os desafios lançados.
É claro que os traumas, assim como podem glorificar, também podem estragar uma vida. Crianças são especialmente suscetíveis. Algumas pesquisas mostram que a melhor época para enfrentar um grande desafio, é a que vai do inicio da adolescência até os 20 e poucos anos --a probabilidade do episódio servir de estímulo, em vez de paralisia é maior.
A teoria evolucionista também aparece para ressaltar os sentimentos ditos negativos, como essenciais para a manutenção e evolução de uma espécie. Imagine um homem da pré-história, saindo extremamente feliz e despreocupado para dar um tour pela floresta. No mínimo se esse ancestral existiu, ele morreu devorado por um animal selvagem. O que sobreviveu e deu origem a espécie humana, foi aquele preocupado, atento e por vezes angustiado. É assim com todos os animais, o estado de tensão é uma condição necessária à vida.
Além disso, sentimentos como culpa, vergonha e arrependimento são fundamentais para a convivência harmoniosa entre indivíduos. São tais estados de ânimo que propiciam a legitimação das normas e regras sociais.
Do contrário seria um caos completo, resultando no aniquilamento do mundo tal qual o conhecemos. Um ponto curioso é o da angústia e a capacidade de criar. Vários artistas e pensadores foram estimulados pela depressão, angústia ou tristeza. É o caso de Woody Allen, que diz ter dirigido dezenas de filmes sob o estado de melancolia; Elis Regina, a maior intérprete da MPB, sofria de bipolaridade alternado estados de depressão e euforia; Ludwing van Beethoven era um infeliz crônico. “De acordo com Luiz Alberto Haten, vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria é durante as fases de dor e depressão que surgem as produções mentais, os questionamentos, que não povoam a vida mental habitual.”
A sabedoria da filosofia chinesa resume pelo princípio Yin-Yang de duas forças complementares, toda a discussão do texto. O yin é o principio passivo e o yang o ativo. Segundo a lenda, o melhor estado para todo o universo, é representado pelo yin-yang. A leitura do símbolo traduz uma interdependência necessária de duas forças opostas que gera o equilíbrio. Por exemplo, não existiria o alto, se não fosse o baixo. E quanto mais alto for o alto, mais baixo será o baixo. O yin-yang reflete exatamente que o homem não deve pautar sua busca no estado de felicidade plena, mas sim no de equilíbrio. E que não deve encarar o medo, a raiva, a culpa e a tristeza como “vilões” da sua trajetória de vida, uma vez que são ferramentas fundamentais para fazer de nós heróis de nossas próprias histórias.

Beijos

Boa Reflexão!

Jaque Deister

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Who's dead?



Gente!!!

Michael Jackson morreu!

Ok ok, você deve estar pensando: "lá vem o Aliás falando de notícia velha". E, nesse caso, notícia velha e que ninguém aguenta mais ouvir falar. Mas é isso mesmo. Tenha paciência: vamos falar de Michael Jackson!

Assim como a vida, a morte do "Rei do pop" foi recheada de informações truncadas, fala-fala, diz-que-me-disse e outras bizarrices como Joe Jackson, pai do cantor, aproveitar uma coletiva de imprensa - que seria para falar da morte do filho - para anunciar o lançamento de sua gravadora.

Além disso, o anúncio da morte do cantor mobilizou o mundo conectado e conseguiu congelar a internet. No Twitter, por exemplo, no dia em que Michael morreu, houve uma enxurrada de informações e as tags mais usadas foram: #MJ's, #Michael Jackson, #RIP MJ, e coisas do tipo. Tags são tipo um rótulo criado pelos próprios usuários para classificar suas postagens.

Agora, falando do fuenral, fui só eu ou mais alguém também teve a impressão a família Jackson estava um tanto quanto teatral, para não dizer "plástica"? Sinceramente, posso estar sendo insensível, mas nem o discurso da filha dele me convenceu.

E será que fui só eu também que achou que uma das poucas partes não ensaiadas do espetáculo televisivo de ontem foi a fala do diretor da Motown, que relembrou quando conheceu Michael e que disse: "No dia em que ele fez o moonwalk, ele voou para o espaço. E nunca mais voltou." Ok. As palavras dele não foram bem essas. Mas o que ele disse foi isso.

Sei que Michael Jackson era ídolo no mundo todo, mas não sei até que ponto o espetáculo que as pessoas fizeram com a morte dele foi movida pela comoção. Acho que o din din falou bem alto nessa história também.

Artista como poucos, espero que Michael descanse em paz, vire purpurina, estrela, ou qualquer coisa do tipo, e que, finalmente, nos deixe descansar também.

Amém.



Clara Araújo