quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mulheres de luta: Boxe

O ALIÁS está de cara nova! Nesta fase decidimos investir numa proposta ousada para peixes pequenos como eu e Clarinha, mas como gostamos do que fazemos e  não tememos arriscar, para petiscar no futuro, decidimos a partir de agora publicar conteúdos exclusivos,  ‘jornalisticamente’ falando. 

O post de hoje inaugura a série Mulheres de luta. O objetivo é valorizar a mulher dentro de um ambiente que ainda é dominado por homens. Para isso, entrevistaremos mulheres que estão envolvidas com diferentes estilos de artes marciais, superam as dificuldades e se destacam pelo trabalho realizado em prol do esporte.

O boxe profissional no Brasil

O incentivo e o patrocínio no Brasil a qualquer esporte que não seja o futebol é muito baixo. Hoje, com a publicidade em torno do Ultimate Fighting Championship (UFC) o número de adeptos das artes marciais mistas aumentou muito. No entanto, todos os atletas brasileiros que  participam do evento buscam apoio em países como os Estados Unidos e o Japão, onde são devidamente valorizados.

A realidade da maioria dos atletas de artes marciais é bem diferente dos ícones do octógono. De acordo com o presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBOXE), Mauro Silva, a inoperância dos poucos empresários que agenciam os boxeadores torna o crescimento do esporte uma tarefa quase que impossível. “As lutas masculinas e femininas são esporádicas, o boxe profissional brasileiro encontra-se em estado de falência. Os empresários são incapazes de promover espetáculos adequados ou de manterem os atletas com recurso necessários”, diz Silva.

Ainda segundo o presidente, não é possível precisar o número de atletas que praticam o boxe no Brasil, visto que é numerosa a  proliferação de academias não federadas no país. A CBBOXE contabiliza um crescimento anual da presença feminina nos ringues, mas ainda assim pouco expressiva. Hoje, a Confederação conta com  cerca de cem mulheres federadas. Silva ressalta que a única modalidade que nota-se ascensão no Brasil atualmente é o boxe olímpico.

Quem disse que ringue não é para mulher?

Apesar da baixa participação feminina no mundo profissional do boxe, as mulheres têm conseguido aos poucos conquistar o seu espaço.O exemplo disso é Marcela Souza. Ela atua dentro dos ringues, mas não com luvas. Com a maquiagem impecável, Marcela é a responsável pelo veredito final nas lutas. No post de hoje vocês vão conhecer um pouco desta mulher, única árbitra internacional de boxe brasileira integrada a AIBA (International Boxing Association) e reconhecida pela CBBOXE  (Confederação Brasileira de Boxe).  
Marcela durante competição em
Trinidad e Tobago

O trabalho da santista ganhou repercussão em Julho, durante os Jogos Mundiais Militares, quando Marcela se destacou pela arbitragem inquestionável, por ser mulher e negra dentro de um ambiente dominado por homens. 

Árbitra há onze anos, Marcela se divide entre as salas de aula onde atua como educadora física da rede pública do estado de São Paulo e pelos ringues mundo a fora. No currículo, a professora possui competições Panamericanas e Pré-Olímpicas. Ela  espera  representar o Brasil nas próximas Olimpíadas de 2012, em Londres. 

No ano passado Marcela atingiu o grau máximo de qualificação na área, se tornando árbitra três estrelas. Ela topou bater um papo com o ALIÁS e falou sobre a popularização do boxe nas academias, a participação da mulher no ringue e o fenômeno do UFC. Confira a entrevista! 

ALIÁS: Há cerca de um mês, o Rio de Janeiro sediou o maior evento de lutas do mundo. Muitos comentaristas do UFC defendem a ideia de que o boxe foi fortemente ofuscado com a popularização das artes marciais mistas. De fato, hoje em dia  a  TV aberta raramente transmite esta modalidade. Como que o boxe reagiu ao crescimento do UFC?

M.S.: O boxe é um esporte milenar, tanto que é conhecido com “a nobre arte”, tudo que é nobre nada “ofusca” e a cada dia vai ganhando mais respeito e adeptos. 

ALIÁS: Já passou por alguma situação de preconceito? 

M.S.: As vezes vejo uns olhares de lado,querendo dizer: uma mulher vai arbitrar essa lutas?

Arquivo pessoal
ALIÁS: Qual foi a luta mais marcante para você?

M.S.:Foram várias! Em 2002 atuando nas finais do meu 1º Brasileiro(Belém),em 2004 meu 1º Pré Panamericano, onde me tornei árbitro continental,em 2005  meu 1º Panamericano, 2007 Jogos Panamericano(Brasil), e em 2010 quando consegui o grau máximo da arbitragem, me tornando assim arbitra 3 estrelas. 

ALIÁS: Qual é o seu maior objetivo profissional atualmente?

M.S: Participar de uma Olímpiadas.

ALIÁS: A respeito da participação feminina dentro do ringue. Você acha que as mulheres estão conseguindo ocupar este espaço predominantemente masculino?

M.S.: As mulheres estão cada vez mais se mostrando capazes na modalidade, tendo em vista que temos títulos como o bi-campeonato Panamericano, o mundial, além de condecorações às melhores atletas.O Brasil no boxe feminino é visto como o maior rival num campeonato internacional.

ALIÁS: 'Tenha a barriguinha tanquinho em pouco tempo praticando o aeroboxe'. Este slogan é vendido por inúmeras academias no Brasil , principalmente com a chegada do verão. Como você  vê a utilização das  artes marciais, sem combate, pelas academia?

M.S.: É uma ótima modalidade para quem deseja perder peso rápido e contornar os músculos,fazendo perder cerca de 800 cal por aula. É importante lembrar que toda atividade física deve ter um acompanhamento nutricional e médico adequado.

A próxima entrevistada da série Mulheres de Luta será a Mestra de Capoeira e educadora Vanessa Midlej.
Aguarde!

Jaqueline Deister

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Cinema nacional: 180°

Foto: divulgação
Suspense, amor e desilusão profissional. Estes são os temas abordados no filme 180° que estreia hoje nos cinemas do circuito Rio e São Paulo e merece uma atenção especial do espectador.

O longa metragem dirigido por Eduardo Vaisman e escrito pela jornalista Claudia Mattos foi contemplado no edital da Petrobras de baixo orçamento. Foram mais de 220 roteiros de ficção que concorreram ao patrocínio da estatal, mas apenas dez foram chamados para o petting em Brasília. Diante de uma comissão avaliadora,  Vaisman teve dez minutos para defender o projeto. A consistência e originalidade do roteiro  conquistou o edital de R$1 milhão. 

O segundo passo foi montar a equipe e formar o elenco. A tarefa de buscar os atores não foi muito fácil, Vaisman destaca que pelo cachê do filme ser baixo teve que conquistar  Eduardo Moscovis, Malu Galli e Felipe Abib pela originalidade da proposta, e deu certo. 

De acordo com Claudia Mattos, a ideia da história sobre o triângulo amoroso de três jornalistas e o sumiço da caderneta que resulta no livro de sucesso 180°  surgiu a partir da perda da apuração de uma matéria que ela estava fazendo para um jornal. 

Mas a jornalista ressalta que a história do suspense em torno da tal caderneta ganhou corpo na edição, durante o processo de montagem do filme, no qual a ideia de construção coletiva da trama ficou mais clara.  
"A nossa intenção foi fazer uma obra  que pudesse ser construída pelo espectador, que tem papel fundamental como coautor neste filme", diz Claudia. 

Para driblar o baixo recurso financeiro, o mercado distribuidor e exibidor brasileiro que privilegia produções norte-americanas e filmes nacionais aos padrões blockbuster, 180° contou com uma divulgação voltada para estudantes de cinema que tiveram a oportunidade de assistir, em primeira mão, ao filme e debater com a roteirista e o diretor a respeito do processo de produção. 

Um pouco desta conversa eu dividi no post de hoje com vocês. Espero que tenham se interessado para neste final de semana ir ao cinema mais próximo se deliciar com o drama de Anna (Malu Galli), Russel (Eduardo Moscovis) e Bernardo (Felipe Abib). 

Premiação:

 * Júri popular do Festival de Gramado de 2010; 

 *15º Brazilian Film Festival de Miami  (melhor roteiro para Claudia Mattos e de melhor direção para Eduardo Vaisman)


Trailer oficial 


Jaque Deister