terça-feira, 28 de setembro de 2010

"Dias melhores virão." Será?


"Sua trajetória sempre aliou às questões práticas da sua própria vida às questões humanitárias, voltadas para a melhoria da qualidade dos serviços urbanos, como o transporte coletivo, segurança pública e educação. Os seus questionamentos sobre o capitalismo excludente cedeu lugar ao interesse em aprender mais sobre luta de classes e políticas públicas e a se engajar no debate político".

Desta maneira se apresenta em seu site o candidato a deputado estadual (RJ), pelo PCdoB, Jorge Luiz Dias da Silva. Nada mal a primeira vista, concorda? Um candidato que se compromete com segurança e educação e ainda ataca a desigualdade social provocada pelo capitalismo, quase que dá para votar. 

Pois é eleitor, cuidado para não ser seduzido pelas palavras. O Jorginho Dias, assim que ele se apresenta,  teve a prisão decretada ontem por envolvimento numa quadrilha que fraudava cartões bancários e atuava como informante dos bandidos do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. De acordo com a corregedoria da Polícia Civil a estimativa é que a quadrilha faturava R$ 700 mil por mês. Isso mesmo, R$ 700 mil.  Segundo a corregedoria, os criminosos instalavam microcâmeras  nos caixas para conseguir as senhas.

Mas não pense que a ficha do Jorginho para por ai. De acordo com o jornal O GLOBO, na certidão emitida pelo 1º Ofício do Registro  de Distribuição a pedido do PCdoB e entregue ao TRE(Tribunal Regional Eleitoral), o policial tem três passagens pela polícia (policial, com passagem pela polícia....sacou?); foi autuado por uso ou posse de droga em 1998, mas o processo foi extinto;  ele também responde por uso de documentos falsos e por roubo. Estão vendo como as máscaras enganam, mas um dia a verdade aparece. A questão é a Justiça saber o que FAZER com a VERDADE.

Contei essa histórinha, que talvez muitos de vocês já tenham visto, para mostrar a minha indignação com a LEI ELEITORAL deste país. Vocês acreditam que depois de todas essas denúncias e processos já existentes, o Jorginho Dias se livrou da cadeia? Pasmem agora, sabe por que ele não foi preso? Pelo simples fato de ser candidato a deputado estadual e estarmos a menos de quinze dias das eleições. A sua candidatura  no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está APTA, com a ressalva de indeferida com recurso*. Sim, ele se safou da prisão por ser candidato.

Enquanto isso, o STF (Supremo Tribunal Federal) está numa dúvida "Shakespeareana" quanto ao Ficha Limpa para as Eleições de 2010: "Aprovar, ou não aprovar? Eis a questão". Os Ministros: Gilmar Mendes, Celso de Melo, Cezar Peluzo, Marco Aurélio e Dias Toffoli alegaram inconstitucionalidade para a mudança nas regras eleitorais a menos de um ano da votação. E por acaso é constitucional a candidatura e possível eleição de bandidos, Ministros?

*Indeferido com recurso – Candidato julgado não regular, por não terem sido atendidas todas as condições necessárias para obtenção do registro da candidatura. Interposto recurso, este se encontra ainda pendente de julgamento pela Instância Superior.
Aos leitores do Aliás vai uma dica importantíssima para o dia 3 de outubro: antes de votar entre no site do TSE  e consulte a situação judicial do seu candidato. Aproveite para averiguar a prestação de contas. Defendamo-nos com as armas que temos, enquanto os "Doutores" interpretam  lei! 

Abraços!
Jaque Deister 

domingo, 19 de setembro de 2010

Uns iguais aos outros



Nas últimas quinta e sexta-feira, 16 e 17 de setembro, participei do seminário de capacitação da Rede de Radialistas no Enfrentamento à Violência contra a Mulher, aqui no Rio de Janeiro. Confesso que fui sem muitas espectativas, muito por que estava tomada de um pré-conceito de que ser feminista era ser radical  - no mal sentido da palavra - e sectária. E, como já está óbvio, não foi isso que encontrei. Muito pelo contrário.

Para começar, uma das palestras do primeiro dia do encontro foi com o psicólogo Eduardo Worms, do Instituto Noos, que trabalha com a questão da violência contra a mulher através do olhar masculino. E só com essa palestra meus pré-conceitos já cairam por terra.

Eduardo mostrou como o homem, mesmo sendo agressor, muitas vezes sofre com a situação, mas não sabe como resolvê-la. Além disso, o psicólogo mostrou que nós, mulheres, acabamos não entendendo direito o universo masculino e forçando situações que geram raiva, estresse e ansiedade.

Como exemplo, Eduardo Worm disse que, para um homem, é muito mais fácil calar do que falar. Enquanto para nós, mulheres, o silêncio tende a ser incômodo. Por isso, acabamos forçando para que o homem que está ao nosso lado fale, converse, quando, na verdade, o que ele mais precisa é ficar quieto no canto dele.

Antes que me crucifiquem e digam que estou defendendo quem agride e dizendo que a culpa de toda agressão é da mulher, eu esclareço: não é isso o que estou falando. Estou apenas dizendo que toda relação é feita de, no mínimo, duas pessoas. E que, muitas vezes, fechamos os olhos para o outro e esperamos que esse outro faça coisas que, para nós, são completamente normais e necessárias. Mas não pensamos que para ele isso talvez não seja.

Mas, voltando a palestra, o psicólogo também apresentou dados que demonstram o tipo de sociedade que estamos formando. Segundo pesquisa do Instituto Noos, em geral, o autor de violência foi, em sua infância, vítima de violência. Desses, 72% se lembram de ter visto ou sofrido algum tipo de agressão dentro de casa. E isso me faz pensar no tipo de educação que damos às crianças. Mas isso é e já foi assunto para outro post.

Por fim, registro aqui outros dados assustadores sobre a violência contra a mulher:

  • De cada 10 casos de violência contra a mulher, sete foram cometidos por pessoas de conhecimento íntimo (maridos, namorados, amantes, etc);
  • No Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é vítima de violência;
  • Estima-se que mais da metade das mulheres agredidas não denunciem seu agressor. 
Além disso, é bom esclarecer que violência contra mulher não é só agressão física. Desde 2006, com a Lei Maria da Penha, podem ser punidos atos de violência moral (calúnia, difamação ou injúria), de violência patromonial (atos que impliquem perdas materiais, como documentos, bens pessoais de valor financeiros ou não), de violência sexual (que ocorre também dentro de relações estáveis, como o casamento), e de violência psicológica (intimidações, humilhações, controle do comportamento).

Por fim, fica a mensagem: toda forma de violência contra a mulher é crime e deve ser denunciada. Mais do que isso, deve ser combatida. Por mulheres e homens. Afinal, somos todos iguais, certo?

(Ah! E antes que eu me esqueça. Você, paulista, que vota em SP e que está lendo esse post, vale a pena ler esse outro aqui também. Trata-se de uma "campanha" para que o Netinho de Paula, não seja eleito senador por SP - aliás, nem por SP, nem por lugar nenhum. Um cara que a acha que a violência resolve as coisas, não pode nos representar!)


Clara Araújo

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Nem tudo é verdade.


A campanha eleitoral corre solta e, enquanto candidatos bizarros ganham mídia e votos, um pseudo-escândalo vem à tona dos jornais. A suposta quebra de sigilo feita nas declarações de imposto de renda da filha de José Serra e do vice-presidente do PSDB demonstram o quanto podem ser - e são - sujos os jogos políticos.

Dizem que quem pediu a quebra de sigilo, feita de maneira totalmente artesanal e amadora, foram os partidários de Dilma Roussef, do PT. Isso teria sido feito como ferramenta para atingir José Serra, candidato da oposição.

Agora pense comigo: por que alguém do PT, ou seja, alguém do governo, teria o trabalho de pedir para um cidadão falsificar uma assinatura e ir a uma agência da Receita Federal de Mauá, em SP, fazer o levantamento das contas de Veronica Serra? Para que esse trabalho todo se o PT, como governo, tem total possibildiade de fazer isso sem chamar atenção, indo direto na fonte? Só se quiser mesmo ser descoberto...

E tem outra, a troco de que a campanha de Dilma, que se aponta vitoriosa desde o início, precisaria dessa "carta na manga"? Quem acompanha as pesquisas já viu: Dilma ganha no primeiro turno, a menos que uma ... porcaria muito grande aconteça. 

Então, meus caros, antes de atacar quem quer que seja e acreditar no que diz o Jornal Nacional, pensem bem em quem realmente é privilegiado com esse "escândalo". Pensem que nem todo mundo que está no governo é mau. E nem todo mundo que está na oposição é bom. E quem tem que enxergar a verdade dos fatos é você, como eleitor e cidadão.

E antes que me digam que estou fazendo campanha para o PT, quero deixar claro: meu voto não é da Dilma.


Abraço!

Clara Araújo