segunda-feira, 30 de abril de 2012

Projeto social voluntário comemora um ano em área rural


Demorei, mas voltei a dar o ar da graça pelo nosso blog que estava jogado às traças! Voltamos trazendo para vocês uma iniciativa totalmente voluntária que tem agitado a cidade de São José do Vale do Rio Preto. Participei do evento e compartilho com vocês através deste texto, que contou com a colaboração da minha amiga Dilly, o projeto social Novos Horizontes.


Texto: Jaqueline Deister Fotos: Dilliany Justino

Biblioteca em área rural leva cultura, literatura e transformação social para a cidade de São José do Vale do Rio Preto. Foi com muita dança do ventre, contação de história, pirotecnia e Tai Chi Chuan que o projeto Novos Horizontes comemorou no sábado, dia 14, um ano de existência na comunidade rural de Morro Grande.

O evento contou com a participação de aproximadamente 90 pessoas que passaram pelo pátio da Capela de Santana para prestigiar as oficinas, apresentações de dança, pirotecnia e sorteio de 35 brindes entre livros e cds para a comunidade.

A harmonia e equilíbrio do Tai Chi Chuan abriu a mostra cultural. A oficina, destinada a 20 crianças, foi ministrada pelo instrutor Rafael Motta. A garotada aproveitou a aula que mostrou um pouco da arte marcial chinesa para perguntar sobre o campeonato de artes marciais mistas, UFC,  que tanto tem se popularizado pela TV aberta. Rafael buscou também trazer para quem estava participando da oficina os benefícios do Tai Chi.  

“Procurei trabalhar o controle motor, a concentração, a lateralidade e principalmente a importância de se respeitar um ao outro”, comentou o instrutor.  

As atividades para as crianças não pararam por ai. A psicóloga e arte-terapeuta, Janaina Carvalho, conduziu uma oficina de contação de história africana, repleta de magia e originalidade sobre o valor de se preservar uma história. A interação com tambores, figuras místicas e com a tradicional brincadeira de cama de gato transportou a criançada para o universo do conto infantil.  Para Janaina, o interesse e o envolvimento das crianças com a oficina trouxe a sensação de missão cumprida. 

A segunda parte do evento foi dedicada aos adultos e despertou olhares de curiosos que se depararam pela primeira vez com a sensualidade dos movimentos de quadris e as ondulações abdominais da dança do ventre. O choque cultural foi positivo e gerou o interesse das mulheres presentes que foram pedir para as professoras Cíntia Mohane e Janaina Carvalho ensinarem alguns passos após a apresentação.
  
A dança do ventre conquistou todos que estava presentes. O produtor rural Darcy da Costa Silva disse que foi a primeira vez que participou da mostra cultural da Biblioteca Novos Horizontes, o agricultor aprovou o evento. 

“Falta tempo para eu ir a Biblioteca, mas sempre incentivo meus filhos a pegarem livros. O evento é importante, pois temos a chance de conhecer novidades. Eu, por exemplo, nunca tinha visto dança do ventre e pirotecnia,” ressaltou o produtor rural.

O aniversário do projeto Novos Horizontes terminou valorizando a cultura local. Um show de forró com músicos da comunidade fechou o evento que teve o apoio e a participação da comunidade, que colaborou com os lanches e a limpeza do local da festa.

A biblioteca comunitária Novos Horizontes possui em seu acervo mais de 4 mil livros e é uma iniciativa sem fins lucrativos coordenada pelos recém formados Michel Cabral e Rodolpho Branco, que pretende levar educação e cultura para a comunidade rural de Morro Grande. Para saber mais sobre o projeto acesse a página Biblioteca Comunitária Novos Horizontes no facebook e conheça mais sobre esta iniciativa que tem feito a diferença na cidade. 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Voyeur



Manhã de terça-feira, 18 de outubro de 2011.

Entro no Twitter, rede social que realmente gosto de participar, mesmo que, muitas vezes, só como leitora, e vejo em minha timeline a seguinte chamada feita pelo jornal Folha de São Paulo: “Menina de dois anos é atropelada duas vezes antes de ser socorrida. Veja” . E aí vem o link para a matéria com o vídeo e umas três linhas explicando o ocorrido.

Confesso: assisti ao vídeo. Fiquei de estômago embrulhado.  Como as pessoas podem ser tão desumanas?

Depois voltei ao Twitter e fiquei olhando aquela chamada. Era a desumanidade reproduzida. Aquele “veja” nada mais era do que um “aprecie” disfarçado.

Nós gostamos de ver a dor, apreciamos o bizarro e gostamos de mostrar nossa indignação - pelas redes sociais. É duro de admitir mas é verdade.

Mas choca também um jornal, que deveria pensar no que diz, presar pelos direitos humanos e pensar naquilo que reproduz, jogar esse “veja” assim, tão cruelmente, assumindo essa postura de voyeur da dor alheia, sem o menor estado de crítica.Será esse o papel de um jornalista? Será esse tipo de observação da realidade que devemos fazer?

Agora que já publiquei meu descontentamento, posso voltar ao trabalho. E às redes sociais. 


Clara Araújo

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mulheres de luta: Boxe

O ALIÁS está de cara nova! Nesta fase decidimos investir numa proposta ousada para peixes pequenos como eu e Clarinha, mas como gostamos do que fazemos e  não tememos arriscar, para petiscar no futuro, decidimos a partir de agora publicar conteúdos exclusivos,  ‘jornalisticamente’ falando. 

O post de hoje inaugura a série Mulheres de luta. O objetivo é valorizar a mulher dentro de um ambiente que ainda é dominado por homens. Para isso, entrevistaremos mulheres que estão envolvidas com diferentes estilos de artes marciais, superam as dificuldades e se destacam pelo trabalho realizado em prol do esporte.

O boxe profissional no Brasil

O incentivo e o patrocínio no Brasil a qualquer esporte que não seja o futebol é muito baixo. Hoje, com a publicidade em torno do Ultimate Fighting Championship (UFC) o número de adeptos das artes marciais mistas aumentou muito. No entanto, todos os atletas brasileiros que  participam do evento buscam apoio em países como os Estados Unidos e o Japão, onde são devidamente valorizados.

A realidade da maioria dos atletas de artes marciais é bem diferente dos ícones do octógono. De acordo com o presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBOXE), Mauro Silva, a inoperância dos poucos empresários que agenciam os boxeadores torna o crescimento do esporte uma tarefa quase que impossível. “As lutas masculinas e femininas são esporádicas, o boxe profissional brasileiro encontra-se em estado de falência. Os empresários são incapazes de promover espetáculos adequados ou de manterem os atletas com recurso necessários”, diz Silva.

Ainda segundo o presidente, não é possível precisar o número de atletas que praticam o boxe no Brasil, visto que é numerosa a  proliferação de academias não federadas no país. A CBBOXE contabiliza um crescimento anual da presença feminina nos ringues, mas ainda assim pouco expressiva. Hoje, a Confederação conta com  cerca de cem mulheres federadas. Silva ressalta que a única modalidade que nota-se ascensão no Brasil atualmente é o boxe olímpico.

Quem disse que ringue não é para mulher?

Apesar da baixa participação feminina no mundo profissional do boxe, as mulheres têm conseguido aos poucos conquistar o seu espaço.O exemplo disso é Marcela Souza. Ela atua dentro dos ringues, mas não com luvas. Com a maquiagem impecável, Marcela é a responsável pelo veredito final nas lutas. No post de hoje vocês vão conhecer um pouco desta mulher, única árbitra internacional de boxe brasileira integrada a AIBA (International Boxing Association) e reconhecida pela CBBOXE  (Confederação Brasileira de Boxe).  
Marcela durante competição em
Trinidad e Tobago

O trabalho da santista ganhou repercussão em Julho, durante os Jogos Mundiais Militares, quando Marcela se destacou pela arbitragem inquestionável, por ser mulher e negra dentro de um ambiente dominado por homens. 

Árbitra há onze anos, Marcela se divide entre as salas de aula onde atua como educadora física da rede pública do estado de São Paulo e pelos ringues mundo a fora. No currículo, a professora possui competições Panamericanas e Pré-Olímpicas. Ela  espera  representar o Brasil nas próximas Olimpíadas de 2012, em Londres. 

No ano passado Marcela atingiu o grau máximo de qualificação na área, se tornando árbitra três estrelas. Ela topou bater um papo com o ALIÁS e falou sobre a popularização do boxe nas academias, a participação da mulher no ringue e o fenômeno do UFC. Confira a entrevista! 

ALIÁS: Há cerca de um mês, o Rio de Janeiro sediou o maior evento de lutas do mundo. Muitos comentaristas do UFC defendem a ideia de que o boxe foi fortemente ofuscado com a popularização das artes marciais mistas. De fato, hoje em dia  a  TV aberta raramente transmite esta modalidade. Como que o boxe reagiu ao crescimento do UFC?

M.S.: O boxe é um esporte milenar, tanto que é conhecido com “a nobre arte”, tudo que é nobre nada “ofusca” e a cada dia vai ganhando mais respeito e adeptos. 

ALIÁS: Já passou por alguma situação de preconceito? 

M.S.: As vezes vejo uns olhares de lado,querendo dizer: uma mulher vai arbitrar essa lutas?

Arquivo pessoal
ALIÁS: Qual foi a luta mais marcante para você?

M.S.:Foram várias! Em 2002 atuando nas finais do meu 1º Brasileiro(Belém),em 2004 meu 1º Pré Panamericano, onde me tornei árbitro continental,em 2005  meu 1º Panamericano, 2007 Jogos Panamericano(Brasil), e em 2010 quando consegui o grau máximo da arbitragem, me tornando assim arbitra 3 estrelas. 

ALIÁS: Qual é o seu maior objetivo profissional atualmente?

M.S: Participar de uma Olímpiadas.

ALIÁS: A respeito da participação feminina dentro do ringue. Você acha que as mulheres estão conseguindo ocupar este espaço predominantemente masculino?

M.S.: As mulheres estão cada vez mais se mostrando capazes na modalidade, tendo em vista que temos títulos como o bi-campeonato Panamericano, o mundial, além de condecorações às melhores atletas.O Brasil no boxe feminino é visto como o maior rival num campeonato internacional.

ALIÁS: 'Tenha a barriguinha tanquinho em pouco tempo praticando o aeroboxe'. Este slogan é vendido por inúmeras academias no Brasil , principalmente com a chegada do verão. Como você  vê a utilização das  artes marciais, sem combate, pelas academia?

M.S.: É uma ótima modalidade para quem deseja perder peso rápido e contornar os músculos,fazendo perder cerca de 800 cal por aula. É importante lembrar que toda atividade física deve ter um acompanhamento nutricional e médico adequado.

A próxima entrevistada da série Mulheres de Luta será a Mestra de Capoeira e educadora Vanessa Midlej.
Aguarde!

Jaqueline Deister