sábado, 13 de agosto de 2011

Diário de Bordo

Posso estar redondamente enganada, mas a minha experiência durante os Jogos Mundiais Militares só reforça ainda mais a total impossibilidade do Rio de Janeiro sediar as Olimpíadas em 2016. Como diz o velho ditado popular: ‘é muita areia para o caminhão carioca, ou melhor, brasileiro’. 

O V Jogos Mundiais Militares contou com a participação de 5.560 atletas que representaram 88 países, é a metade do que teremos nas Olimpíadas e já deu um gostinho ácido dos transtornos que estão por vir.

Os problemas dos alojamentos militares de Campo dos Afonsos (Vila Azul) e Deodoro (Vila Verde), onde parte dos atletas ficou hospedada já podiam ser vistos de longe. Vou comentar desses dois locais, pois pouco tive contato com a terceira e mais longe das Vilas, localizada em Campo Grande (Vila Branca).

Para variar só um pouquinho, as obras das Vilas não foram concluídas. Instalações móveis com tecnologia de ponta para abrigar espaços como o restaurante dos atletas e a acadêmia se contrastavam com os apartamentos inacabados e a falta de banheiros nas áreas comunitárias de treino em Campo dos Afonsos, zona norte do Rio. O jeitinho brasileiro dado para reverter essa situação foi improvisar com os cheirosos e higiênicos banheiros químicos.

Já em Deodoro, também no lado norte carioca, as obras estavam mais adiantadas, pelos menos os banheiros estavam concluídos; Tudo bem que sem luz e sofrendo com os picos de água ao longo do dia, mas lá estavam executando com destreza a sua função.

Por falar em água, recordações desagradáveis vem à tona para quem estava na Vila Verde. Depois de uma semana de reclamações por conta de uma síndrome coletiva de intestino irritável (popularmente chamada de dor de barriga), os superiores do Exército mandaram verificar a salubridade da água e constataram o motivo de tanta dor de barriga: o encanamento do esgoto estava danificado e...bem, vocês já podem imaginar o que aconteceu...

Com muito jogo de cintura e esforço os organizadores, staff e voluntariado driblaram estas dificuldades. No entanto, a falta de planejamento e comunicação entre a própria organização do evento causou situações desnecessárias que facilmente poderiam ser evitadas.

Só não perdemos a batalha porque a hospitalidade brasileira, quando bem feita, conquista qualquer gringo, mas não dá para ganhar com gentileza uma guerra contra a maldita incompetência.

Jaque Deister