domingo, 10 de agosto de 2008

PIAF- Um hino ao amor



"O mais impressionante mergulho de uma artista no corpo e alma de outra artista que jamais vi no cinema" -The New York Time-

O critico Stephen Holden do The New York Time traduziu com clareza o encantamento do filme Piaf nas telonas. Eu estava há meses tentando locar este filme e me arrepiei com a atuação de Marion Cottillard, uma atriz francesa de 33 anos que "incorporou" todo o sofrimento e pesar de Edith Piaf. Pelo olhar vidrante de Marion é possível ver a própria Edith. Impressionante!

A atriz interpreta a cantora desde os vinte e poucos anos até a sua morte aos 47 causada por câncer no fígado devido a uma vida de excessos de bebida, morfina e drogas. A performance de Marion já no fim da vida de Edith, é de deixar qualquer espectador de boca aberta. O trabalho corporal para dar vida as limitações causadas pelo reumatismo, sem caricaturar a personagem, é de uma sutileza e sensibilidade como há muito tempo não se via no cinema.

A tristeza, a aceitação do destino, o amor e o sofrer são temas não só das músicas que embalam a trilha sonora do filme, mas atuam como desabafos da própria cantora que via a música como a única forma de realização, já que a vida sempre lhe reservou tragédias.

O diretor e também roteirista Oliver Dahan teve muita maestria ao dirigir o filme. A opção pelo anacronismo, contribuiu para que através de passagens da sua vida entendamos o porquê de seu temperamento tão acirrado e da dependência das drogas. Sem optar pelo "classicismo" da narrativa.

Outro momento que me chamou bastante atenção foi a escolha por longos planos-seqüências. Dahan, através de uma seqüência sem cortes e por um travelling que durou mais de dois minutos em cima de Marion, mostrou passo a passo a gradação do desespero de descobrir que o seu grande amor havia morrido. Esta cena merece um olhar especial pelo espectador, pois dificilmente em um cinema americano, que é o que estamos condicionados a ver, assistiríamos a uma seqüência que prende a atenção do espectador com apenas interpretação e sem a utilização de recursos de montagem (corte).

PIAF-Um hino ao amor é um filme com emoção na dose certa. Ao abusar da maestria Dahan lembra ao mundo que a verdadeira nacionalidade da Sétima Arte, é FRANCESA! Lembranças aos irmãos Lumière.
JAQUE

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