quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Chicago 2016

No título desse post o que menos importa é a cidade. Ali eu poderia ter escrito Madrid ou Tóquio que daria na mesma. Nesse post e nesse título, o que importa é não fazer campanha para que o Rio seja a sede dos jogos olípicos de 2016. Apesar dos motivos serem um tanto quanto óbvios, eu explico o porquê disso.

Você se lembra do Pan-americano de 2007? Se lembra que ele foi no Rio? E você se lembra da estrutura criada para os jogos? Se lembra também da verba "extra" que teve que ser usada para que as obras fossem terminadas?

Pois bem. Em 2007, já de olho em 2016, os governos Federal, Estadual e Municipal transformaram o Rio de Janeiro na capital do esporte das américas. E, para isso, não pouparam dinheiro.

Até aí, tudo bem. Fazer obras de infra-estrutura e criar complexos para competições esportivas da alto nível sai caro mesmo. Mas a aberração desta história está contida em dois aspectos. O primeiro, como já disse, foi a verba gasta para colocar tudo isso de pé: R$ 3,7 bilhões - 800% a mais do que o previstos pelo COB - compostos quase que na totalidade por dinheiro público (metade pelo governo federal). A segunda foi o destino que toda esta infra-estrutura teve.

O destino das obras feitas para o Pan já foram, inclusive, tema para este blog. Na ocasião, falei sobre o Parque Aquático Maria Lenk, fechado até hoje. O Parque, super moderno e que deveria treinar os atletas brasileiros do futuro, continua lá, sem uso e sem previsão de entrar em funcionamento. O mesmo acontece com o velódromo da Barra e com a Arena Multiuso, hoje HSBC Arena.

Então, eu pergunto: alguém aí realmente acredita que a realização das olimpíadas de 2016 no Rio vá trazer muitos benefícios?

Somos um país tão pobre e tão carente de coisas básicas que me parece luxo demais querer investir R$1,3 trilhão para criar estádios e afins. E se temos esse dinheiro para investir nas Olimpíadas, por que não investimos em educação, saúde e transporte? Por que preferir um evento midiático a resolver problemas reais e urgentes?

Por essas e outras, Rio 2106: soy contra!


Abraços,


Clara Araújo

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Malvados

Nada como o humor negro para aliviar um dia tenso de trabalho. E as tirinhas dos Malvados são campeãs nisso!

Clara Araújo

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Desabafo de uma brasileira!






Confesso que nos últimos meses tenho estado com o meu orgulho de ser brasileira ferido. Parece até que participamos de uma Copa do Mundo e perdemos, não é? Porque muitos só lembram e levantam a voz para gritar o nome do nosso país com louvor quando somos bem sucedidos em uma partida do “maldito” futebol. Aqueles que me conhecem sabem da minha paixão por esporte, mas os que me conhecem melhor sabem também o quanto fico aborrecida com este sentimento provocado pelo ópio do povo brasileiro.

Você já deve estar pensando que eu detesto futebol e que o texto será sobre isto. Enganado. Por incrível que pareça, gosto de jogar “o maldito”, só não gosto de assistir.

Todo esse papo não é em vão. Comecei pelo futebol porque sei que quando o Brasil fracassa em uma pelada, fere com o orgulho de uma boa parte da população. E estou me sentindo como esses viciados quando ficam “putos” porque o seu time perdeu. A única diferença é que perder ou ganhar numa partida de futebol não interfere em nada no rumo da vida do torcedor, enquanto perder ou ganhar no Congresso e no Supremo afeta diretamente a vida de muitos de nós.

Sou brasileira porque sou apaixonada pela nossa cultura que emergiu do submundo, pelas nossas terras que são sinônimo de tanta diversidade, mas admito que estou um tanto quanto desapontada com a nossa gente. Sim, este texto é um desabafo!

Primeiro, presenciei de mãos atadas o Ministro Gilmar Mendes juntamente com a sua trupe aprovar o fim da Obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão, e vi a maioria dos estudantes aceitar isso de bico calado, pianinhos de cabeça baixa em seus cantos... parafraseando Chico Buarque:literalmente assistindo a Banda passar, pior que nem banda passou...

Pois é, vi a carreira que escolhi para seguir sendo totalmente deslegitimada diante dos meus olhos em pleno 6º período da faculdade. Desanimador, não? Pior ainda foi ler no Jornal do Brasil o artigo de um professor Pós Doutorado na Sorbone que faz parte do Departamento de Comunicação da minha Universidade:

“Então, para que servem as faculdades de jornalismo? A resposta é simples: para aprender a fazer um bom risoto. Se você tiver alguns professores acostumados com o manejo das panelas e outros bem informados sobre os temperos, talvez alcance o objetivo. Mas só vai completar o aprendizado quando chegar na cozinha e tomar uma bronca do chefe: o chefe de reportagem” (Felipe Pena- O Jornalismo e a Gastronomia)

Triste não se acreditar naquilo que faz, não é? Foi exatamente nesta frase que encontrei a resposta para continuar no meu curso. Graças à Deus, até o momento não tenho frustrações e posso falar de boca cheia: Gosto, levo à sério, acredito no que faço e defendo uma sólida formação, por isso me orgulho de sentar nas cadeiras empoeiradas do Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS) por quatro anos.

Para arrematar com chave de ouro o meu “amor” pelo Ministro Gilmar Mendes, folheando as páginas do jornal de hoje (02/09) me deparo com o seguinte título: “Gilmar manda à Câmara projeto que dá reajuste de 14% a ministros do STF. Salário iria de R$24,5 mil para R$27,9 mil, e teria efeito cascata.” Vocês sabem o que Mendes argumenta para defender este reajuste de 14% ? “O salário está defasado com a falta de aumento. O montante do reajuste corresponde à variação acumulada do IPCA nos anos de 2006, 2007 e 2008”, diz o Ministro. O valor, se aprovado, será incorporado gradualmente ao salário dos magistrados dos altos cargos públicos.

O valor do salário do STF serve como teto do funcionalismo público e o reajuste provocaria um efeito cascata na renda de outras categorias. Não, professores de plantão, aposentados e pensionistas, este reajuste não é para vocês, ou melhor, para nós. Apenas para os diplomados: procuradores gerais, juízes, Ministros de Superior Tribunal Militar, Superior Tribunal de Justiça e por ai vai... Nós, a ralé, temos que nos conformar, aplaudir e ficar muito felizes com o reajuste de 8,8% sobre o atual piso nacional fixado em R$ 464,72. Oba!!! Viva!!! O minimo vai subir R$ 41,18 e o máximo R$ 3,400. Pelo menos eles respeitam a semântica das palavras...

Tudo isso me desanima gente...Há algumas semanas presenciamos outro tapa na cara do brasileiro, nos chamaram de otários na lata e mais uma vez como foi a nossa reação: PASSIVIDADE. O arquivamento dos onze pedidos de investigação sobre o Presidente do Senado, José Sarney, com acusações de de nepotismo, tráfico de influência, desvio de recursos públicos e envolvimento com atos secretos, me fizeram perceber que o povo pouco se importa com o que os grandes fazem desde que não atinja diretamente a vida individual de cada um. A nossa indignação dura pouco, é só durante o tempo de folhear o jornal, ouvir no rádio e assistir ao Jornal Nacional. Depois, ah, não posso fazer nada mesmo! “Eles que são brancos, que resolvam” já dizia o ditado....

Agora, não tente mexer com o Futebol e com o Carnaval, porque o brasileiro vira bicho, o resto, tudo pode. Enquanto o movimento “Fora Sarney!” e “Diploma sim!” reuniram de 30 à 50 manifestantes, o “bloqueata”, mistura de bloco com passeata para protestar contra as novas regras que a Prefeitura do Rio implementou para o carnaval de rua do carioca no ano que vem, reuniu cerca de 500 pessoas pelo centro do Rio no domingo passado.

Por isso que estou tão desacreditada na nossa gente e fico muito triste em ver a minha terra pedindo socorro e eu, junto com meia dúzia de gatos pingados, não podendo fazer nada! Porque no final das contas, para a maioria das pessoas, tendo a cervejinha, o futebol, o Carnaval e “um bom risoto de frutos do mar”, basta! Pena que eu não aprendi a me contentar com tão pouco!

Jaque Deister