domingo, 19 de setembro de 2010

Uns iguais aos outros



Nas últimas quinta e sexta-feira, 16 e 17 de setembro, participei do seminário de capacitação da Rede de Radialistas no Enfrentamento à Violência contra a Mulher, aqui no Rio de Janeiro. Confesso que fui sem muitas espectativas, muito por que estava tomada de um pré-conceito de que ser feminista era ser radical  - no mal sentido da palavra - e sectária. E, como já está óbvio, não foi isso que encontrei. Muito pelo contrário.

Para começar, uma das palestras do primeiro dia do encontro foi com o psicólogo Eduardo Worms, do Instituto Noos, que trabalha com a questão da violência contra a mulher através do olhar masculino. E só com essa palestra meus pré-conceitos já cairam por terra.

Eduardo mostrou como o homem, mesmo sendo agressor, muitas vezes sofre com a situação, mas não sabe como resolvê-la. Além disso, o psicólogo mostrou que nós, mulheres, acabamos não entendendo direito o universo masculino e forçando situações que geram raiva, estresse e ansiedade.

Como exemplo, Eduardo Worm disse que, para um homem, é muito mais fácil calar do que falar. Enquanto para nós, mulheres, o silêncio tende a ser incômodo. Por isso, acabamos forçando para que o homem que está ao nosso lado fale, converse, quando, na verdade, o que ele mais precisa é ficar quieto no canto dele.

Antes que me crucifiquem e digam que estou defendendo quem agride e dizendo que a culpa de toda agressão é da mulher, eu esclareço: não é isso o que estou falando. Estou apenas dizendo que toda relação é feita de, no mínimo, duas pessoas. E que, muitas vezes, fechamos os olhos para o outro e esperamos que esse outro faça coisas que, para nós, são completamente normais e necessárias. Mas não pensamos que para ele isso talvez não seja.

Mas, voltando a palestra, o psicólogo também apresentou dados que demonstram o tipo de sociedade que estamos formando. Segundo pesquisa do Instituto Noos, em geral, o autor de violência foi, em sua infância, vítima de violência. Desses, 72% se lembram de ter visto ou sofrido algum tipo de agressão dentro de casa. E isso me faz pensar no tipo de educação que damos às crianças. Mas isso é e já foi assunto para outro post.

Por fim, registro aqui outros dados assustadores sobre a violência contra a mulher:

  • De cada 10 casos de violência contra a mulher, sete foram cometidos por pessoas de conhecimento íntimo (maridos, namorados, amantes, etc);
  • No Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é vítima de violência;
  • Estima-se que mais da metade das mulheres agredidas não denunciem seu agressor. 
Além disso, é bom esclarecer que violência contra mulher não é só agressão física. Desde 2006, com a Lei Maria da Penha, podem ser punidos atos de violência moral (calúnia, difamação ou injúria), de violência patromonial (atos que impliquem perdas materiais, como documentos, bens pessoais de valor financeiros ou não), de violência sexual (que ocorre também dentro de relações estáveis, como o casamento), e de violência psicológica (intimidações, humilhações, controle do comportamento).

Por fim, fica a mensagem: toda forma de violência contra a mulher é crime e deve ser denunciada. Mais do que isso, deve ser combatida. Por mulheres e homens. Afinal, somos todos iguais, certo?

(Ah! E antes que eu me esqueça. Você, paulista, que vota em SP e que está lendo esse post, vale a pena ler esse outro aqui também. Trata-se de uma "campanha" para que o Netinho de Paula, não seja eleito senador por SP - aliás, nem por SP, nem por lugar nenhum. Um cara que a acha que a violência resolve as coisas, não pode nos representar!)


Clara Araújo

Um comentário:

  1. Clarinha, se eu votasse em SP, nunca que sequer cogitaria em votar no Netinho. Faço campanha já no Twitter (@jefsnakepit), com meus amigos paulistas, para que não votem nesse crápula.

    Te achei pelo Facebook, é ótimo ter notícias suas!

    Beijo e um abraço, seu amigo Jeferson.

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