Vale qualquer coisa no combate a tristeza, desde livros de auto-ajuda à remédios antidepressivos. O psicólogo e autor de Repensando a felicidade Edward Diener é defensor da teoria de que as pessoas mais felizes vivem mais (por ter sistemas imunes mais fortes). Diener concluiu com base em pesquisas cientificas: “ser feliz demais não é bom. O contentamento em excesso torna as pessoas menos capazes, menos saudáveis, menos atentas a riscos.”.
Além do pragmatismo de Diener, há uma questão de essência: “Cedo ou tarde na vida, cada um de nós se dá conta de que a felicidade completa é irrealizável. Assim como a reflexão oposta: que também é irrealizável a infelicidade completa. A dualidade está na condição humana, que é contra qualquer infinito”, disse o escritor italiano Primo Levi.
Há ainda uma outra forma de entender o valor da tristeza diante da felicidade. Só conseguimos ter a percepção de um sentimento em comparação com outros estados de ânimo. É a variação do humor que nos causa espasmos de alegria ou tristeza. “Felicidade em excesso é indesejável porque leva a uma capacidade menor de apreciá-la,” afirma Stuart Walton, autor de Uma História das Emoções.
Os obstáculos que aparecem em nossos caminhos, nem sempre devem ser vistos como impedimentos ou certeza de fracasso. O mais pessimista e contundente filósofo do século XIX Friederich Nietzsche dizia ao apontar para o valor da adversidade: “O que não me mata me torna mais forte.” O psicólogo Jonathan Haidt, da Universidade da Virginia (EUA) e autor do livro A Hipótese da Felicidade, retoma o que disse o apóstolo Paulo em sua Carta aos Romanos: “O sofrimento produz resistência, a resistência produz caráter e o caráter produz fé”, para defender a sua teoria.
Segundo Haidt, nós somos seres viciados em contar histórias. O que sabemos sobre nós mesmos é um relato que escrevemos, escolhendo o que lembrar do passado e o que projetar no futuro. E quanto mais adversidades melhor se tornam as nossas histórias. É só pensar em qualquer narrativa literária inclusive mitos religiosos, cujos protagonistas são Buda, Jesus, Maomé, ou numa novela, em que o “herói” da trama sempre passa por provações e sofrimentos. O que torna o protagonista um herói é justamente a superação de todos os desafios lançados.
É claro que os traumas, assim como podem glorificar, também podem estragar uma vida. Crianças são especialmente suscetíveis. Algumas pesquisas mostram que a melhor época para enfrentar um grande desafio, é a que vai do inicio da adolescência até os 20 e poucos anos --a probabilidade do episódio servir de estímulo, em vez de paralisia é maior.
A teoria evolucionista também aparece para ressaltar os sentimentos ditos negativos, como essenciais para a manutenção e evolução de uma espécie. Imagine um homem da pré-história, saindo extremamente feliz e despreocupado para dar um tour pela floresta. No mínimo se esse ancestral existiu, ele morreu devorado por um animal selvagem. O que sobreviveu e deu origem a espécie humana, foi aquele preocupado, atento e por vezes angustiado. É assim com todos os animais, o estado de tensão é uma condição necessária à vida.
Além disso, sentimentos como culpa, vergonha e arrependimento são fundamentais para a convivência harmoniosa entre indivíduos. São tais estados de ânimo que propiciam a legitimação das normas e regras sociais.
Do contrário seria um caos completo, resultando no aniquilamento do mundo tal qual o conhecemos. Um ponto curioso é o da angústia e a capacidade de criar. Vários artistas e pensadores foram estimulados pela depressão, angústia ou tristeza. É o caso de Woody Allen, que diz ter dirigido dezenas de filmes sob o estado de melancolia; Elis Regina, a maior intérprete da MPB, sofria de bipolaridade alternado estados de depressão e euforia; Ludwing van Beethoven era um infeliz crônico. “De acordo com Luiz Alberto Haten, vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria é durante as fases de dor e depressão que surgem as produções mentais, os questionamentos, que não povoam a vida mental habitual.”
A sabedoria da filosofia chinesa resume pelo princípio Yin-Yang de duas forças complementares, toda a discussão do texto. O yin é o principio passivo e o yang o ativo. Segundo a lenda, o melhor estado para todo o universo, é representado pelo yin-yang. A leitura do símbolo traduz uma interdependência necessária de duas forças opostas que gera o equilíbrio. Por exemplo, não existiria o alto, se não fosse o baixo. E quanto mais alto for o alto, mais baixo será o baixo. O yin-yang reflete exatamente que o homem não deve pautar sua busca no estado de felicidade plena, mas sim no de equilíbrio. E que não deve encarar o medo, a raiva, a culpa e a tristeza como “vilões” da sua trajetória de vida, uma vez que são ferramentas fundamentais para fazer de nós heróis de nossas próprias histórias.
Beijos
A sabedoria da filosofia chinesa resume pelo princípio Yin-Yang de duas forças complementares, toda a discussão do texto. O yin é o principio passivo e o yang o ativo. Segundo a lenda, o melhor estado para todo o universo, é representado pelo yin-yang. A leitura do símbolo traduz uma interdependência necessária de duas forças opostas que gera o equilíbrio. Por exemplo, não existiria o alto, se não fosse o baixo. E quanto mais alto for o alto, mais baixo será o baixo. O yin-yang reflete exatamente que o homem não deve pautar sua busca no estado de felicidade plena, mas sim no de equilíbrio. E que não deve encarar o medo, a raiva, a culpa e a tristeza como “vilões” da sua trajetória de vida, uma vez que são ferramentas fundamentais para fazer de nós heróis de nossas próprias histórias.
Beijos
Boa Reflexão!
Jaque Deister
Acredito piamente na teoria do yin-yang;
ResponderExcluirSimpatizo com a idéia de que os sentimentos considerados negativos podem inspirar grandes criações artísticas;
E me agarro com unhas e dentes à idéia de Nietzsche de que as adversidades nos fortalecem.
Tem que ser verdade, ou então Deus não pode existir.
Porque se ele existir e Nietzsche estiver errado... Vá ser masoquista assim no inferno! (Ou no céu, né. Enfim...)
Ótimo texto, Jaque. Tô recarregada de otimismo!