sábado, 5 de janeiro de 2008

Prosa caótica - ou - Desabafo ufanista

Pensamento do dia: "A língua é minha pátria. E eu não tenho pátria, tenho mátria e quero frátria" ... Valeu, Caê!!

Uma vez li um livro do historiador Lucian Febvre em que ele, entre outras coisas, explicava a importância da língua única para se conseguir criar uma unidade nacional.

Trocando em miúdos, o negócio é o seguinte: quando todos falamos a mesma língua, todos nos reconhecemos, nos vemos como iguais e, logo, sabemos que ali encontra-se um ser "amigo".
Pois bem.
Aqui no Brasil, a língua nacional é o português, certo? Temos diferenças culturais que influenciam nos sotaques e nos "nomes que damos para as coisas", mas, na regra e no final das contas, somos todos falantes da inculta e bela "última flor do lácio".
Porém, posso estar ficando louca, mas me parece que a cada dia que passa as pessoas por aqui estão abandonando o português pra passar a usar o inglês. E isso até quem é cego vê!
Se já não bastasse a preguiça antepassada de traduzir termos de informática (e por isso agora eu escrevo aqui em um "blog"), hj a lezeira toma contas das cidades. Deixamos de ter descontos em lojas para termos 10, 20, 30% "OFF". As liquidações não existem mais, agora pra fazer a xepa, minha querida, recorras às vitrines com o dizer "SALE". Isso sem falar nas entregar que já faz um certo tempo que passaram a ser "DELIVERY".
Acho que se eu fosse listar aqui as coisas que vejo por aí não traduzidas do inglês, passaria a noite escrevendo. Mas o que realmente irrita é que as pessoas deixem de usar sua língua materna simplesmente por acreditarem que a outra te dá mais "cara de moderna" ou qualquer coisa do gênero.
O que irrita é o quanto nos desvalorizamos diante de nós mesmos. Achamos bonito o estrangeiro e brega o brasileiro. Ou vai dizer que vc não acha bem mais legal ir a um "dance club" do que assumir que vai a um clube de dança??
Não estou pregando nenhum boicote ao que vem de fora. Xenofobia não, por favor. Nem estou pedindo pra que façamos o que sugeriu Policarpo Quaresma. Só acho que a gente pode passar a se olhar de uma maneira mais, digamos, gentil. E acho também que esse é um passo importante pra que a gente abra os braços e faça dessa terra um país.


Clara

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