
Carta aberta ao excelentíssimo Sr. Prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira.
Caro Senhor Prefeito.
Não sou sua eleitora. Nem mesmo voto em Niterói. Porém, resido nesta cidade há dois anos. Portanto, há dois anos pago meus impostos aqui. IPTU, luz, água, compras de necessidade básica e outras nem tanto, tudo é feito e pago nesta cidade que escolhi para cursar minha faculdade.
Sou apaixonada por esse lugar que, apesar de não ter nascido aqui, considero como meu. Adoro sua paisagem, seu clima, suas pessoas. Porém, Sr. Prefeito, eu, assim como tantos outros moradores do bairro do Ingá, sofremos a tempos com um problema sério de (in)segurança.
No último domingo, dia 1° de março, por volta das 17h, eu voltava do shopping com uma amiga. Estávamos a pé. Ao virarmos a esquina da rua Visconde de Morais com a Andrade Neves fomos abordadas violentamente por uma menina que estava sentada ali. Ela me agarrou pela blusa e nos obrigou a dar para ela nosso dinheiro e celulares. A menina, que devia ter no máximo 15 anos, tinha uma faca e estava obviamente drogada.
Em frente ao local no qual fomos assaltadas existe um cortiço. Na hora em que houve o assalto, havia várias pessoas sentadas na varanda da “casa”. Essas, mesmo vendo que estávamos sofrendo uma violência, não fizeram nada. Isso por que é sabido de todos que algumas das pessoas que moram ali são também assaltantes.
Não tenho provas dessa minha acusação. Mas tenho o meu conhecimento como moradora e o depoimento de pessoas da região e pedestres que passam por ali, todos os dias, com medo. Essas mesmas pessoas também podem confirmar que, várias vezes, uma viatura policial para em frente a esse cortiço. Depois, um policial desce, entra na casa e sai, com um sorriso no rosto.
Já fui assaltada duas vezes na Visconde de Morais. E eu posso relatar, no mínimo, mais uns 10 casos de assalto a pedestres que ocorreram ali. Certamente, os porteiros dos prédios dessa rua também tem uma lista enorme de casos para contar.
Das duas vezes em que fui assaltada, liguei para o 190 para ver se alguma viatura poderia ir para lá fazer uma ronda e, quem sabe, recuperar o que eu havia perdido. Nas duas vezes, não vi nem sombra de polícia no local.
No final do ano passado, um abaixo-assinado circulou pelos prédios do Ingá pedindo mais policiamento no local. No entanto, apesar das várias assinaturas, nada mudou.
Como disse, Senhor prefeito, não votei no senhor, pois não voto em Niterói. Mas, tive a oportunidade de, ano passado, viver a campanha eleitoral na disputa pela prefeitura. E eu me lembro de ter ouvido uma propaganda eleitoral em que o senhor dizia precisar de apenas 2 meses para dar um susto na cidade.
Pois bem. Dia 1º de março o senhor completou dois meses em sua nova gestão como prefeito. E o susto que eu e minha amiga levamos neste dia não foi nada agradável e nem original.
Esta carta fala apenas em meu nome e no de minha amiga que estava comigo no último domingo. Mas tenho certeza que várias outras pessoas tem o mesmo sentimento expresso nela. E tenho certeza também de que algo deve e será feito para mudar esta situação.
Maria Clara Araújo
estudante da Universidade Federal Fluminense